Todos os seres humanos, nascem com o instinto para
voar!
Em determinado momento da vida, o impulso nativo lhe dará asas: reais ou
abstratas,
congênitas ou adaptadas!
É natural que o voo faça parte dos sonhos do homem e do cotidiano da sua existência neste planeta!
É desnecessário descrever os feitos dos inumeráveis precursores da nossa história, que transformaram sonhos em realidades!
Meu fascínio, certamente, foi o mesmo que acalentou o sonho de tantos outros, no passado!
Nascido e criado em contato direto com a natureza, meu sonho de voar pelos céus junto das aves, surgiu bem cedo! Frequentemente, deitado sobre a relva observava atentamente, os voos circulares de urubus e gaviões e ficava intrigado! Como eles subiam sem bater as asas e já próximo das nuvens, desapareciam no horizonte?
Ainda adolescente, passei um mês de férias numa fazenda no alto da Serra da Mantiqueira, onde o acesso da base do morro até a sede só era possível a cavalo, por trilhas. Meu tio - proprietário e também grande predador da natureza - transformou em carvão toda a mata que cobria a região em torno de um pico que se destacava na cordilheira!
Em frente a casa da fazenda havia uma grande pedra. Sentado sobre ela, eu
passava horas observando as aves que mergulhavam majestosamente sobre o precipício. Voavam para o vale à frente e desapareciam no fundo azul! Meus olhos se fixavam sob aquelas asas. Contemplava o vale abaixo. A adrenalina anestesiava meus lábios e transpirava nas mãos! Sentia o coração pulsar na garganta! A sensação era inquietante!
Muitos anos mais tarde, já com muitas horas de voo em asa delta, o saudoso amigo Yutaka Nacamura me dissera que havia uma estrada até o topo do Pico Agudo. Que quatro pilotos cariocas - de passagem por Santo Antonio do Pinhal - já haviam decolado daquele local. Naquela mesma semana, logo pela manhã, fui conhecer o morro que tem mil metros de altura. A ansiedade me inquietava!
Uma espessa neblina encobria todo o vale!
Armei minha asa enquanto o sol, lentamente, dissipava aquela cortina esbranquiçada!
Já com o sol aquecendo a terra, uma leve brisa começou a soprar do vale!
À minha direita, o lugar onde antes havia a casa da fazenda do meu tio! No horizonte, a Serra do Mar. Entre as serras, o Rio Paraíba do Sul e as cidades do grande vale!
Corri para o abismo... Decolei! Um bordo para a direita e sobrevoei por alguns instantes aquele lugar. Mal consegui ver a
pedra sob a vegetação à sua volta. Não havia nem escombros da casa da antiga fazenda!
Depois de voar por quase quarenta minutos, pousei próximo à estrada de acesso a Campos do Jordão.
Outros voos em diferentes épocas, foram mais demorados, porém, aquele primeiro, tornou-se inesquecível!
Cada local de voo tem suas características e peculiaridades! Para mim, aquele lugar sempre teve um especial encantamento!
Lá, os sonhos da minha infância se realizaram!
As imagens publicadas nesta postagem foram obtidas Aqui. Publicado originalmente no blog vitornani em 04 Mai 2012.
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