Esta é a história real de um acidente! Meu Acidente!
Por mais de 10 anos passei por único culpado pelo ocorrido. Até pode ser.
No dia 8 de Abril de 2000, por volta das 12:00 horas, sofri um acidente no Aeroporto de Atibaia quando eu testava um trike confeccionado pelo Uraci e recém adquirido pelo Ernesto.
Como sempre ajudei e ensinei alguns amigos
tanto no voo livre, como em trike, não recusei o pedido do Ernesto, para testar o equipamento.
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Itatiba 1990 |
Mudou o Centro de Gravidade (CG), fixando o trike muito avançado na quilha da asa, deixando-o demasiadamente picado. Embutiu os floaters dentro da vela da asa- Comet-, curvando para baixo, os bordos de fuga nas extremidades, que só em voo se percebia!
Ao rolar na pista, foram necessárias velocidade e potência máximas do motor para a decolagem! Ao deixar o solo, em estol total, mal consegui altura suficiente para sobrevoar os hangares.
Voava a uma velocidade acima de qualquer trike que eu já havia pilotado. Após alguns minutos, naquelas circunstâncias, uma eternidade - tendo cessado o movimento de aviões - voei em direção à cabeceira da pista.
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Nata-RN 1988. |
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Porto Seguro-BA 1988. |
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Itatiba-SP 1991. |
Na UTI de um hospital em Atibaia - recebia os cuidados de emergência - enquanto aguardava remoção para outro hospital na cidade de Campinas! Continuava com muita dificuldade para respirar! Naquele momento, para o Sr Newton - Administrador do Aeroporto - a preocupação era com os problemas que o acidente poderia causar ao Aeroclube (Intervenção do D A C ). Ao meu ouvido, insistiu para que declarasse à Polícia que eu havia confeccionado o aparelho - que era o proprietário; que assumisse total responsabilidade pelo ocorrido. Assumi.
Hoje sou um portador de necessidades especiais vivendo como sempre vivi: intensamente, limitado apenas pela tetraparestesia espástica com lesão medular em C3/C4.
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Ubatuba-SP - 1991. |
Como um principiante em voo motorizado - sem nenhuma formação em aeronáutica e com um conhecimento pífio em aerodinâmica - se acha competente para realizar consideráveis modificações estruturais e de design numa aeronave, comprometendo radicalmente a segurança do voo? Some-se a isso, a irresponsabilidade de vender o aparelho sem antes testá-lo pessoalmente, ou alertar o comprador sobre as mudanças!
Enfim, reconheço que mesmo com uma experiência de doze anos voando trike - somados a mais onze de voo livre em asa delta - cometi imperdoáveis erros, ou pecados:
Excesso de voluntariedade;
Confiabilidade exagerada;
Cordialidade isenta de malícia...
Publicado originalmente no blog vitornani em 29 Jan 2011.
Segue meu contato: thiago.alencar.sp@gmail.com
Abraços
Obrigado pelas alentadoras palavras em seu feliz comentário. Realmente você tem razão.
Eu conheci muitos "pilotos" que sequer sabiam explicar como o ar sustenta a superfície de uma
asa em voo. Nada sabiam de aerodinâmica e aceleravam um trike como se fosse uma moto. Por ser o trike, um aparelho tecnicamente simples, muitos se arvoram em sair voando sem respeitar os fundamentos necessários à própria segurança. Vamos manter contato, amigo! Abraços.